Sobre a vida

Qual seria sua idade se você não soubesse quantos anos têm?
Essa frase sempre pairou na minha mente, principalmente após ter lido Sêneca e compreendido “Sobre a brevidade da vida”. Ele coroa a obra com frases como:

“Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai.”

E comecei a pensar na minha vida. Hoje, meu aniversário, 28 anos de vida na terra, mas, será que realmente vivi? Dai comecei a lembrar de pessoas como a Graziele Carpim, que é uma amiga de infância, da rua Venezuela, onde cresci em Cerquilho. Penso no meu pai, José Jacinto de Souza, que reside em Umuarama/Pr e me deu cinco outros irmãos que não conheço. Lembro do meu primeiro grande machucado, aos cinco aninhos, descendo um barranco de terra sem papelão (ele ficou preso no início da descida) em que ralei minhas pernas inteiras. Penso na minha avó, já falecida, que tentou extrair meu segundo dente de leite com uma linha amarrada na porta e, é claro, não deu certo...



Penso nas pessoas que realmente amei, nas que me marcaram de verdade, como uma tatuagem. Penso em alguns poucos nomes, mas prefiro não citá-los, apesar de saber que a vida é breve, porém, eu disse que amei cada um deles diversas vezes, por isso minha alma está em paz. E os abraços que troco com minha mãe e meu irmão, sempre que possível... Os amo tanto...

E a loucura de abandonar um trabalho fixo de cinco anos e meio e me aventurar no jornalismo. Hoje, faltam seis meses apenas para concluir o curso e já conquistei um tremendo portfólio... Penso nas batalhas que ganhei, que perdi e nas muitas que ainda virão. E, como não poderia deixar de ser, imagino a evolução: o quanto aprendi ao cair e levantar.

O interessante é que, ao avaliar minha breve vida, percebo que sorri mais do que chorei, que conquisteis ao menos seis amigos de verdade, que levarei pela vida toda, que amei, que fui amada, que transmiti mais alegria do que tristeza para as pessoas que me cercam. Talvez Sêneca tenha razão nos seus escritos de 4 a.C., temos que refletir: “Perscruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu conforme o planejado? Quando usaste seu tempo contigo mesmo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto de tua existência não foi retirado pelos sofrimentos sem necessidade, tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu?”.

E colocando tudo na balança, concluo que eu vivi, ahh, eu vivi e continuarei vivendo. Este é o espetáculo! E lá vou comemorar mais um ano de vida, com muita vida pela frente!

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