Quando...

               ♫ Vou esperar do seu lado
                                                                                                 A tempestade passar
                                                                                              Vou esperar do seu lado
                                                                                           Porque eu só posso esperar  








(Leoni  ♫)

Sem limites



Escolhi abraçar o mundo.
Aos 19 anos entendi que não pertencia a lugar nenhum. Minha vida se resumia a não ter limites. Tendo o firmamento como casa, segui meu destino.
Sai de Ourinhos deixando lágrimas nos olhos dos meus pais. Deixei os amigos, os livros, o aconchego... Fui á luta. Em companhia da minha arte, passei por diversas cidades de São Paulo e cheguei a Floripa.
Lá encontrei um amigo, de 18 anos, que fez o mesmo que eu: abraçou o mundo. O frio nos castigou muito e nos deu uma nova meta: seguir para um lugar mais quente... Vamos para Bahia.
Quando o coração aperta, volto para casa e ganho beijos de mãe e abraços de pai. Confesso que os últimos já fazem dois meses, mas, quem sabe em breve eu não passe por lá.
Para falar a verdade, não acredito em Deus, nunca acreditei, mas alguém cuida de mim, pois nunca passei fome, nem pedi esmola. Minhas acrobacias em semáforos e os artesanatos que faço me sustentam. Vez ou outra consigo até pagar um hotel simples para dormir.
Até ontem estava em Sorocaba, uma terra boa com gente de bom coração. Hoje estou em Itu e amanhã, quem sabe... Pensei em passar por São Paulo, mas sofri muito em Osasco, mudei meus planos.



Achava que o ser humano estava podre, mas, nesses dois anos de vida alternativa descobri que a humanidade ainda não chegou ao fundo do poço. Conheci muita gente boa, gentil e agradável, que compreende que nem todo o andarilho é mendigo, bandido ou monstro. E, para provar isso, ontem no ônibus que me levou para Sorocaba, conversei por uma hora e meia com uma jovem estudante de jornalismo, que estava tentando voltar para casa. Ela me disse de cara: “Sabe, eu ralo muito... Moro em Cerquilho, trabalho em Sorocaba e estudo em Salto. Faço de tudo para construir uma vida boa, mas, olho para você que é completamente o oposto de mim e percebo que és muito mais feliz do que eu! Que injusto”. Sorrimos e começamos a conversar... Foi bom dividir uma hora e meia da minha vida com ela, assim como fiz com muitos antes dela e ainda farei com vários depois...
E não é para isso que nascemos: crescer, partilhar, aprender e morrer?


Por Adriane Souza


Dedico este texto para uma pessoa que, infelizmente, nunca irá ler: o andarilho Cris, de 22 anos, que me ensinou muitas coisas numa curta viagem de ônibus.

Toque



Minha pele clama e meu olhar padece...
Numa prece silenciosa desejo sua presença
Minha mente se perde, tentando compreender
Mas você não está aqui

Olhando as estrelas e as luzes da cidade
Nada está completo sem o teu cheiro
Minhas mãos precisam das tuas...
Mas você não está aqui

A brisa afaga minha face
Ela é gélida e me toca impassível
Mas preciso de carinho, de humanidade
Mas você não está aqui

Li teus recados, recebi as mensagens
Ouvi sua voz ao telefone, enquanto olhava as fotos
Meu coração parou ao ver teu sorriso
Mas você não está aqui

Não está aqui...




Por Adriane Souza

Alguém Como Você

♫ I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
That for me, it isn't over yet
Never mind, I'll find someone like you (...) 


(Adele )

A raridade do pensar

A filosofia busca, através de argumentação teórica e intelectual, a veracidade de cada afirmação. Entretanto, o senso comum também é uma forma de conhecimento, caracterizado pelo conceito “do povo para o povo”, ou seja, se baseia numa subjetividade que se generaliza: é a compreensão popular de algum aspecto da realidade. Também se pode dizer que o senso comum é uma primeira impressão sobre uma determinada realidade.

Portanto, cabe à filosofia questionar e por à prova as afirmações do senso comum, buscando entender seu significado, suas origens e sua verdade. A partir da crítica filosófica ou científica, pode-se confirmar ou desmistificar afirmações dos mais variados conceitos, com a finalidade de ampliar os horizontes, com novos conhecimentos e possibilidades.



O fato é que a filosofia, despretensiosamente, começa questionando a realidade imediata e manifesta, pois quer desvelar o que está por trás do evidente. Por exemplo, a maioria das pessoas aceita, passivamente, a afirmação de que o trabalho dignifica o homem. Com isso, as pessoas são levadas a desmerecer os que não trabalham.

Aparentemente, a filosofia não tem utilidade prática, logo, seu destino é o lixo, tanto na escola como na sociedade, pois ela não se ocupa com as aparências nem com a utilidade (para que serve), mas com a essência (o que é), por isso, sua defesa é a indagação. Embora haja um discurso em defesa do ensino, a realidade aponta para outra direção.

Se num período da história a filosofia foi banida da escola, era para que os estudantes em geral permanecessem alienados, sem consciência de seus direitos. Assim, as fórmulas prontas, que abstraiam o pensar, eram facilmente aceitas. Uma das características que definem o ser humano é o pensamento. Deixar de pensar, portanto, é desumanizar-se.



A presença, hoje, da filosofia nas escolas, embora superficial, pode ser vista como uma tentativa de suprir tal deficiência. Mas se o trabalho filosófico for bem fundamentado, o estudante será levado a pensar com a própria cabeça, sendo desafiado a buscar suas próprias convicções, passando a ver criticamente as aulas e os professores, gerando um novo modelo escolar.

Consequentemente, este modelo irá disseminar conhecimento, criando adultos conscientes e críticos. Portanto, a filosofia não tem utilidade prática, imediata e palpável, entretanto ela é necessária por permitir um processo de pensamento e analise. Fechar-se à filosofia é manter-se alienado.



"Muitos políticos vêem facilitado seu nefasto trabalho, pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão somente usam de uma consciência de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante"
Karl Jaspers – filósofo alemão


Por Adriane Souza

Sobre a vida

Qual seria sua idade se você não soubesse quantos anos têm?
Essa frase sempre pairou na minha mente, principalmente após ter lido Sêneca e compreendido “Sobre a brevidade da vida”. Ele coroa a obra com frases como:

“Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai.”

E comecei a pensar na minha vida. Hoje, meu aniversário, 28 anos de vida na terra, mas, será que realmente vivi? Dai comecei a lembrar de pessoas como a Graziele Carpim, que é uma amiga de infância, da rua Venezuela, onde cresci em Cerquilho. Penso no meu pai, José Jacinto de Souza, que reside em Umuarama/Pr e me deu cinco outros irmãos que não conheço. Lembro do meu primeiro grande machucado, aos cinco aninhos, descendo um barranco de terra sem papelão (ele ficou preso no início da descida) em que ralei minhas pernas inteiras. Penso na minha avó, já falecida, que tentou extrair meu segundo dente de leite com uma linha amarrada na porta e, é claro, não deu certo...



Penso nas pessoas que realmente amei, nas que me marcaram de verdade, como uma tatuagem. Penso em alguns poucos nomes, mas prefiro não citá-los, apesar de saber que a vida é breve, porém, eu disse que amei cada um deles diversas vezes, por isso minha alma está em paz. E os abraços que troco com minha mãe e meu irmão, sempre que possível... Os amo tanto...

E a loucura de abandonar um trabalho fixo de cinco anos e meio e me aventurar no jornalismo. Hoje, faltam seis meses apenas para concluir o curso e já conquistei um tremendo portfólio... Penso nas batalhas que ganhei, que perdi e nas muitas que ainda virão. E, como não poderia deixar de ser, imagino a evolução: o quanto aprendi ao cair e levantar.

O interessante é que, ao avaliar minha breve vida, percebo que sorri mais do que chorei, que conquisteis ao menos seis amigos de verdade, que levarei pela vida toda, que amei, que fui amada, que transmiti mais alegria do que tristeza para as pessoas que me cercam. Talvez Sêneca tenha razão nos seus escritos de 4 a.C., temos que refletir: “Perscruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu conforme o planejado? Quando usaste seu tempo contigo mesmo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto de tua existência não foi retirado pelos sofrimentos sem necessidade, tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu?”.

E colocando tudo na balança, concluo que eu vivi, ahh, eu vivi e continuarei vivendo. Este é o espetáculo! E lá vou comemorar mais um ano de vida, com muita vida pela frente!

Simplesmente...

Confesso que me considero uma pessoa fria, evito me apegar aos outros, até porque passei a maior parte da vida mudando de um lugar para o outro, tudo era temporário, então não guardava nomes de ruas, locais, pessoas, pois no fundo pensava: afinal qual é o propósito? Mas, mesmo assim, eu ainda sentia e confesso que isso sempre gerou conflitos internos. E um desses sentimentos que sempre esteve presente foi o romantismo. 

Então você pergunta: Como uma pessoa que se diz fria, acredita no romantismo? Bem, tenho consciência de que algumas histórias românticas não têm finais felizes, mas isso não significa que estes casais não foram felizes de verdade. Consideremos assim: talvez eu seja uma  pessoa fria que tenta acreditar no amor, enquanto observo tantos fazerem o caminho contrário.



Evito me apegar, pois assim fica mais fácil me afastar quando necessário, talvez por ter gravado em meu subconsciente que, em algum momento, terei que abandonar estas pessoas, como aconteceu tantas vezes e isso virou meio que uma regra. Ás vezes, quando percebo que alguém está se apegando a mim, busco formas de afastá-la, pois acredito estar fazendo um bem para ela, quando na verdade estou pensando apenas em mim. Em outros momentos penso que gostaria de sair viajando pelo mundo, acreditando que não sentiria falta de nada e nem de ninguém, mas mesmo pensando dessa maneira e deixando de lado certos sentimentos, eles ainda persistem e me lembram que sou humano, o que às vezes me irrita...

Mas voltemos ao romantismo...

Todos, desde o inicio da humanidade, sofreram desilusões, sofreram com amor... O fato é que sofrer por amor é uma coisa natural, nos faz amadurecer mesmo que cause dor. Não digo, nem desejo que todos sofram por amor, na verdade gostaria que todos encontrassem a pessoa que os completassem, aquela pessoa que te faz sorrir quando você acorda, com quem você deseja sonhar enquanto dorme, que te faz voar com os pés no chão, que te dá energia para enfrentar aquele dia horrível, aquele chefe chato e irritante, o transito caótico... Enfim, sua dose diária de otimismo!



Ser romântico - ou buscar alguém para estar com você - não é um crime, não é algo ruim, não é ser possessivo, não é ser piegas. Ser romântico é demonstrar seu amor por gestos e atitudes, mostrar o quanto você se importa, mostrar o quanto você a deseja... Ser romântico é sonhar. É mais conveniente que quando eu estiver me sentindo só, ir numa balada e procurar alguém para passar meu tempo e voltar para casa. Então pergunto: quanto dura essa sensação de prazer? Aquela pessoa que chegou te beijando, beijando bem, mas que, no fim, nem quis saber teu nome e de te conhecer melhor, que pegou seu telefone e talvez ligue enquanto ainda estiver sob efeito do álcool, mas depois desaparece!

Sentir prazer é ótimo, estar com outra pessoa, compartilhar o momento, entretanto, ás vezes penso que estamos canibalizando nossos sentimentos, coisas que nunca deixaram de estar presentes em nós, mas que buscamos apagar, pois nos fazem sentir inferiores em alguns momentos, sentir que não temos controle... E como odiamos perder o controle...

Em um mundo onde tudo é passageiro e rápido, antigamente os relacionamentos funcionavam, mas deixaram de dar certo... Talvez estejamos valorizando coisas erradas... Não somos engrenagens, somos criados para aprender, para buscar o que acreditamos ser a felicidade e não aceitando o que dizem que ela seja, somos seres criados para amar, criados para sonhar...

Por Erick Antunes, para mostrar aos leitores deste blog um pouco do que é amar...