O fim da anarquia

E quando as cordas vibram
Meu corpo treme
O ritmo me possui
Posso voar!

Liberdade...

Na ânsia pela nota seguinte
Palavras tomam formas em meus lábios
A vibração me domina
Meus pés saem do chão!

Sintonia

E como se fosse um mantra
Todos seguem o ritmo frenético
Não temos cor, nem formato...
Nos tornamos um!

Um único ritmo
Um único espírito

Por Adriane Souza

"Eu sempre falei que não era exemplo pra ninguém..."


Acho que existe menos espaço nos meios de comunicação mais populares. Acho que está tudo mais 'soft', sem arestas, tudo mais redondo. Não te nada pontiagudo, nada que incomoda. Na época em que eu surgi, ainda era possível colocar uma música como 'Máscara' para tocar na rádio. Hoje em dia parece impossível.
Os artistas que dizem tocar rock estão muito mais domesticados. O que é chamado de rock hoje no Brasil é uma coisa que não deveria ser chamada de rock. De rock não tem nada. Ser rock não é vestir uma roupinha esquisita ou ter um cabelo diferente. 
A identidade visual é importante em grandes ícones de rock, mas eles não tinham só isso pra mostrar. Acho que a galera está com medo de tudo. Eu converso muito por ai e vejo muito medo de contestar qualquer coisa que seja. Nunca querem dizer não, têm medo de dizer não para todo mundo. Tem que saber a hora de fazer concessão também, mas só fazer concessão te leva a ser um fantoche.  

Declarações de Pitty, em entrevista para a revista Billboard




Poeta dos fatos

“Os jornalistas são os trabalhadores manuais, os operários da palavra. O jornalismo só pode ser literatura quando é apaixonado”. (Marguerite Duras)


Sem hora para acordar.
Sem hora para dormir.
Viver contra o tempo.
Assim é o dia-a-dia dos que vivem da segunda profissão mais antiga do mundo. Ser jornalista é, antes de tudo, ser noticioso por natureza.
Me interessei por essa arte (sim, tecer palavras é praticamente uma arte) por mero acaso, embora, pensando bem, o jornalista já nasce com um dom natural: a curiosidade. É com ela, agregada a uma boa dose de ousadia, que nos damos bem na profissão.
E jornalista sofre: sempre na rua, lutando contra o tempo, raciocínio rápido, enfim, vivemos de pequenas batalhas diárias e nosso sucesso dura apenas um dia, afinal, amanhã é sempre dia de novas notícias.
Mesmo sem a valorização do diploma, com salários defasados, estresse e cansaço, acordamos todos os dias na certeza de que ainda existem novas pautas, assuntos e abordagens esperando por nós...

É hora de correr!

Somos os maratonistas da informação.

“Jornalismo é literatura com pressa”. (Matthew Arnold)

Parabéns á você jornalista!


Por Adriane Souza


Que país é esse?


Confesso que acordei diferente essa manhã.
Estranhamente, minha esposa ainda estava dormindo. Então, fui preparar o café. Animadamente, cantarolei enquanto colocava o lixo para fora e levava o cachorro para passear.
Quando voltei para casa, minha esposa já estava na mesa, acompanhada de meu filho. Foi um ótimo momento em família. Engraçado como nunca fizemos isso antes, mas, hoje o dia está mesmo especial.
Peguei o jornal. Li que a USP e várias outras universidades aderiram ao sistema de cotas para todos os alunos da rede pública de ensino, que o congresso havia decidido reduzir o salário dos parlamentares em 50% e que, vários prefeitos seriam afastados de seus cargos por corrupção.
Fiquei preocupado.
Fechei o jornal, olhei no relógio e percebi que a hora estava passando lentamente, ainda daria tempo de ver todo o jornal da manhã! Liguei a televisão e, em Brasília, uma multidão aplaudia fervorosamente o deputado federal Jair Bolsonaro.
Segundo a repórter, ele havia se desculpado publicamente pelas ofensas homofóbicas e raciais que praticou. Bolsonaro acenava para o público com a presidente Dilma Roussef do seu lado direito.
Fiquei perplexo!
Me convenci de que algo estava errado. Corri para o banheiro com o objetivo de lavar o rosto, mas decidi mergulhar minha cabeça na água!

Confesso que acordei diferente essa manhã. Minha esposa jogou água em mim e disse em tom áspero:
_Acorde príncipe, ainda é sexta-feira! Não pense que por hoje ser 1º de abril você conseguirá mentir para não ir trabalhar!
Nossa! Então era isso... Meu inconsciente decidiu me pregar uma peça!
Sabia que, para o Brasil avançar tanto, levaria muito mais que um dia.
Só em sonho mesmo...


Por Adriane Souza