Toleráveis

Depois de um dia árduo, sentei cansadamente na varanda para ver o céu. As estrelas me trouxeram lembranças há muito esquecidas, quase apagadas por capricho do tempo.

Minha memória resgata calmamente a voz de meu avô, aquele homem franzino e cheio de histórias... Ele sempre repetia com tom de amargura as diversas noites que passara olhando estrelas como essa da pequena janelinha da senzala, onde passou vários anos.


Sempre que relatava a dor, o sofrimento e a humilhação, era interrompido pelas lágrimas suaves que acariciavam sua face. Como sequela, até o dia de sua morte, ele inclinava sutilmente a cabeça quando uma pessoa branca passava... Reverência...

Sempre carreguei essa cena como exemplo. Aprendi que o preconceito velado está distribuído pelo mundo e se manifesta em piadinhas clichês e olhares cruzados... Por isso, hoje eu ando com a cabeça erguida, aprendi a ter orgulho de mim e jamais querer ser outra pessoa!

Ensinei isso aos meus filhos: trabalhem duro, estudem e nunca façam aos outros aquilo que não querem para si. Talvez, um mundo melhor seja feito por cada um de nós... E ao contemplar as estrelas essa noite, enquanto meus pequenos dormem, tenho certeza de que estou fazendo a minha parte!

Por Adriane Souza



No dia 28 de março, ontem, foi ao ar, no programa CQC, da rede Bandeirantes de televisão, a resposta racial ofensiva do deputado federal Jair Bolsonaro a pergunta da cantora Preta Gil. Ele, que está no sexto mandato consecutivo pelo estado do Rio de Janeiro, foi eleito em 2010 com 120.646 votos, sendo assim o 11º mais votado do estado. Aos 56 anos, Bolsonaro ainda não aprendeu que, no país mais colorido do mundo, votos não têm cor.

Preta Gil perguntou em um vídeo ao deputado: “Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?”

 A resposta: “Ô, Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como, lamentavelmente, é o seu”.

O abolicionismo é antes de tudo um movimento político, para o qual, sem dúvida, poderosamente concorre o interesse pelos escravos e a compaixão pela sua sorte, mas que nasce de um pensamento diverso: o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças na liberdade”. Frase de Joaquim Nabuco.

2 comentários:

Mariana Sugahara disse...

Se políticos são escolhidos para nos representarem e defenderem nossos direitos, o que está em jogo nossos direitos ou deveres de cidadãos? Para se ter algum 'direito' é necessário haver uma tarefa chamada dever. Estamos cumprindo muito bem nosso papel, escolhendo um racista para nos representar. Quantos como este podem existir? Ele não está sozinho. Acorda Brasil!

Adriane Souza disse...

Pois é, Mariana! Ele odeia o Lula, detesta o fato da Dilma ter sido contra a ditadura, acredita que homossexuais estão corrompendo o modelo tradicional de família e que os negros são promíscuos. Ele só pode ter nascido no século errado....................

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