Temor



Seus longos cabelos escuros se confundem com a noite.
Passa correndo pelas vias vazias com uma urgência sufocante, pois sabe que lhe resta pouco tempo. Como grande vítima das horas, segue de forma cadenciada ao seu destino.
Atravessa a porta e senta-se nas escadas. A sensação de segurança lhe contamina. Olha através da janela de vidro e contempla a lua.
“Finalmente estou em casa”, sussurra...

A lua que aparece tímida entre as nuvens em breve dará lugar ao sol.
E no quarto escuro, seus olhos ainda estão abertos. Vítima da noite, corpo e mente lutam entre o cansaço, mas o olhar nunca se perde... Ele tem um propósito.
Sabe que falta pouco, mas o tempo não se dissipa. Seus lábios serrados cedem lugar ao sorriso, quando os primeiros raios de sol afagam sua face.
“Finalmente a luz”, sussurra...

O sol nasceu. E o grupo de amigos segue cantando pelas ruas da cidade.
Ao longo do percurso todos se dissipam e seu ouvido encontra o silêncio. Nas primeiras horas do final de semana a agitação cedeu espaço ao marasmo. Viu-se de modo singular naquele instante e a dor apertou seu peito.
Com passos apressados entrou numa cafeteria lotada. Gritos e pedidos duelavam com risadas e conversas vis.
“Finalmente o som”, sussurra...

O sono lhe alcança e a paz quase lhe penetra, mas uma ideia insistente lhe perturba a mente, então a voz a endossa:

_Qual é o seu medo?

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